Karl Marx

Karl Marx não era um liberal, mas foi um pensamento clássico para a economia. Trata-se de um dos filósofos mais influentes por concatenar economia, filosofia e sociologia. Os problemas econômicos não pertencem unicamente à economia, mas envolvem algo maior, dentro do contexto do materialismo histórico dialético e da luta de classes.

Marx compreendia que a sociedade se divide em classes, umas mais abastadas que exploram as outras menos abastadas. Dentro desse processo, há o desejo de acumulação de riquezas, que promove o desenvolvimento da história.

Marx segue uma tradição iniciada pelo filósofo Friedrich Hegel, que dentre diversas contribuições propôs a ideia da dialética. A dialética, na concepção hegeliana, afirma que as relações sociais se baseiam em contradições. Marx usou tal ideia de forma crítica para constatar que o capitalismo e as ideias liberais eram permeados de contradições.

Marx propõe o que ficou conhecido como materialismo histórico. Essa teoria afirma que o desenvolvimento da sociedade, tanto em suas características físicas quanto em suas formas de pensamento, é determinado fundamentalmente pelas relações de produção, ou seja, como as pessoas produzem bens necessários para a vida e o modo que elas se organizam para tal.

Dentro do materialismo histórico, dois conceitos são importantes:

  • Estrutura: trata-se da organização econômica em si, como o modo de produção de bens, a distribuição e consumo deles. No capitalismo, por exemplo, isso se dá com base na propriedade privada e na circulação de mercadorias pelos mercados.
  • Superestrutura: trata-se das ideias que surgem por causa dessa organização. No capitalismo, surgem as ideias do direito à propriedade privada, liberalismo, livre mercado, entre outros.

A estrutura e a superestrutura não são intransponíveis, sendo abaladas em momentos críticos da luta de classes, onde as classes submissas tomam consciência de sua situação de exploradas e se voltam contra as classes exploradoras, tombando o regime anterior mediante uma revolução.

Até hoje, existiram três sistemas de produção:

  • Escravagista: formada entre donos de escravos, vigente na Idade Antiga.
  • Feudal: formada entre suseranos e vassalos, senhores feudais e servos, vigente na Idade Média.
  • Capitalista: formada entre burgueses e proletários, nasceu na Idade Moderna e é vigente até hoje.

Os modos escravagista e feudal se sustentavam mediante o uso da força. Entretanto, conforme o desenvolvimento histórico, o modo capitalista, de modo mais eficiente, se sustenta a partir do impedimento de acesso dos proletários aos meios de produção pela imposição do direito à propriedade privada. A partir dessa situação, em um processo de extração de mais-valia, os donos dos meios de produção enriquecem a partir da exploração dos proletários.

Mais-valia é o trabalho excedente não remunerado, resultante da diferença entre o valor de produção e o valor de compra.

Para Marx, no contexto da luta de classes, não há neutralidade e o silenciamento se trataria de uma adesão ao lado opressor. Nesse sentido, o Estado não se trata de um ente neutro, mas sim de uma instituição composta pelas classes dominantes e, portanto, a serviço dos interesses dessa classe.

Portanto, apenas mediante a revolução, com a tomada do Estado por parte da classe proletária e afastamento compulsório da burguesia do poder, é que seria possível o favorecimento das classes oprimidas.

Marx possui como inspiração o método de contradições da filosofia de Hegel no sentido de ser contraditório um Estado composto pelos opressores favorecer o oprimido.

Também serviu de inspiração para Marx o internacionalismo econômico de David Ricardo, sendo as fronteiras políticas entre os países apenas cercamentos, como se fossem feudos, em nome de dominantes que teriam papéis semelhantes aos de senhores feudais. A partir da crítica de Marx, se houvesse a quebra das fronteiras, poderia haver a internacionalização, com a defesa da classe trabalhadora em geral, sem distinções baseadas no nacionalismo.

O socialismo francês, ou utópico, de Saint-Simon também serviu de inspiração. Considerado o pai do socialismo em geral, ele possuía ideias abstratas, sem muita base material para solucionar os problemas sociais.

Marx propunha, no socialismo científico, que diferentemente do utópico tinha método e se esforçava para se prender às condições materiais, e que haveria duas fases dentro desse contexto:

  1. 1ª parte: chamada de Socialismo Inferior, seria a fase revolucionária, com a permissão de acesso dos proletários aos meios de produção, criando um Estado socialista regido pela ditadura do proletariado.
  2. 2ª parte: o Socialismo Superior ou Comunismo, onde há extinção da mais-valia e os meios de produção estão plenamente coletivizados. O Estado é extinto devido à sua desnecessidade.