"S" - Social

Após estudar o “E” de Environmental, na agenda ESG, voltamos agora nosso olhar para o “S”, o Social.

Este aspecto se refere diretamente ao impacto das empresas nas pessoas, nas comunidades e na sociedade. Mas como entender e avaliar esse impacto de forma concreta?

O impacto social das empresas

Toda organização está inserida em um contexto social, e isso vai muito além do endereço físico. As decisões e práticas empresariais afetam diversos grupos que se relacionam com a empresa. Podemos dividir esse impacto em quatro esferas.

Colaboradores

Os funcionários/as da empresa são o público mais próximo, diretamente influenciado pelas condições de trabalho, políticas de inclusão, saúde ocupacional, entre outros.

Cadeia de valor

Fornecedores e consumidores formam essa esfera, e o impacto ocorre tanto nas práticas adotadas com fornecedores (como combate ao trabalho infantil) quanto na qualidade e segurança dos produtos ou serviços oferecidos.

Comunidade local

A presença física de uma empresa afeta o bairro, cidade ou região em que está instalada. É essencial avaliar o quanto ela contribui (ou prejudica) o desenvolvimento local.

Sociedade

Aqui entram os efeitos mais amplos, como práticas de inclusão, acessibilidade, políticas contra discriminação, influência na educação e saúde públicas, entre outros.

ESG Escopo, alcance e governabilidade

ESG Escopo, alcance e governabilidade. Elaborado por Andreia Marques e Rebecca Raposo

O que abrange o “S” do ESG?

O componente social do ESG é vasto e inclui:

  • Direitos humanos e direitos trabalhistas
  • Saúde e segurança dos trabalhadores e da comunidade
  • Inclusão e diversidade
  • Relação ética com consumidores e fornecedores
  • Impacto nas desigualdades sociais
  • Compromissos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
  • ODS relacionados ao aspecto social

Embora todos os ODS da ONU possam se relacionar com o ESG, alguns têm conexão mais direta com o social:

  • ODS 1: Erradicação da pobreza
  • ODS 2: Fome zero e agricultura sustentável
  • ODS 3: Saúde e bem-estar
  • ODS 4: Educação de qualidade
  • ODS 5: Igualdade de gênero
  • ODS 6: Água potável e saneamento
  • ODS 8: Trabalho decente e crescimento econômico
  • ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura
  • ODS 10: Redução das desigualdades
  • ODS 11: Cidades e comunidades sustentáveis

Como mensurar o impacto social?

Diferente do impacto ambiental, que pode ser aferido por selos e certificações específicas, o impacto social é mais desafiador de mensurar. Ainda assim, algumas métricas e indicadores podem ser usados, como:

Para colaboradores

  • Índice de diversidade (gênero, raça, LGBTQIA+, PCDs)
  • Proporção de mulheres e negros em cargos de liderança
  • Taxas de acidentes de trabalho
  • Índice de absenteísmo por doença

Para a cadeia de valor

  • Número de auditorias em fornecedores
  • Garantia de cumprimento de direitos trabalhistas
  • Índices de reclamações de consumidores

Para a comunidade local

  • Volume de investimento social privado (ISP)
  • Número de projetos e pessoas beneficiadas
  • Efeitos do ISP na empregabilidade local

Para a sociedade

  • Acessibilidade dos produtos e serviços oferecidos
  • Presença de políticas antidiscriminatórias
  • Práticas de marketing ético

Normas e certificações sociais

Um importante marco normativo é a ISO 26000, adotada no Brasil como ABNT NBR 16001.

Essa norma define responsabilidade social como o compromisso de uma organização com os impactos de suas decisões sobre a sociedade e o meio ambiente, com base em princípios como:

  • Comportamento ético e transparente
  • Respeito às leis e normas internacionais
  • Integração em todos os níveis da organização
  • Contribuição ao desenvolvimento sustentável

Além da ISO, o Brasil conta com um Programa Brasileiro de Certificação de Responsabilidade Social, coordenado pelo Inmetro. Ele envolve:

  • Definição de requisitos e padrões
  • Certificação por organismos acreditados (OCRs)
  • Auditorias para verificar conformidade com normas como a ABNT 16001