Na continuidade dos temas abordados sobre a agenda ambiental do ESG, um dos pontos centrais diz respeito aos selos e certificados verdes, cada vez mais valorizados por empresas e consumidores.
Esses selos derivam do conceito de rotulagem ambiental, que corresponde às informações inseridas nos rótulos de embalagens e que indicam aspectos socioambientais relacionados ao processo de produção de um produto.
Essas certificações também são chamadas de selos ecológicos, declarações ambientais ou eco-rótulos, e cumprem duas funções principais:
Essa prática tem efeito direto sobre o mercado: consumidores tendem a optar por produtos de empresas com maior responsabilidade ambiental.
Pesquisas indicam que cerca de 64% dos consumidores consideram os impactos socioambientais ao decidir uma compra. Isso estimula concorrência baseada em critérios verdes e impulsiona empresas rumo a eco-inovações, ou seja, inovações tecnológicas ambientalmente responsáveis.
Inicialmente, a proliferação de selos verdes carecia de padrão regulatório.
Com isso, entrou em cena a ISO (International Organization for Standardization), que criou a série ISO 14000, um conjunto de normas internacionais voltadas à gestão ambiental.
Essas normas ajudam as empresas a operar de maneira sustentável, estabelecendo critérios objetivos para obtenção de selos.
Para serem certificadas conforme a ISO 14000, as empresas devem passar por auditorias realizadas por certificadoras reconhecidas nacional e internacionalmente.
No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) lançou, ainda na década de 1990, o primeiro programa de rotulagem ambiental com base nas normas da ISO.
Ao longo dos anos 2000, também se consolidaram certificadoras independentes sérias, como a Associação de Agricultura Orgânica e o Instituto Biodinâmico, voltadas à produção orgânica.
Vários selos se destacam no mercado brasileiro e internacional. Entre os principais:
| Selo | Descrição |
|---|---|
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Rótulo Ecológico da ABNT: certificação voluntária que avalia impactos do produto sobre água, solo e saúde pública ao longo de todo o seu ciclo de vida. |
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Selo Procel: muito conhecido, especialmente em eletrodomésticos, indica produtos com maior eficiência energética. |
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Certificado de Produto Vegano (SVB): emitido pela Sociedade Vegetariana Brasileira, cobre produtos alimentícios, cosméticos e vestuário. |
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Certificado de Produto Vegano (SVB): emitido pela Sociedade Vegetariana Brasileira, cobre produtos alimentícios, cosméticos e vestuário. |
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Selo Cruelty-Free (PETA): certifica que cosméticos e produtos de limpeza não foram testados em animais. |
Outro tipo relevante de selo é o de certificação florestal, criado a partir de mobilizações de consumidores contra o uso de madeiras provenientes do desmatamento.
Em 1994, surgiu o FSC (Forest Stewardship Council), uma ONG que promove o manejo florestal sustentável por meio de certificação.
O processo de certificação florestal é voluntário, mas exige auditorias de terceiros que garantam que o produto é oriundo de florestas manejadas de forma ambiental, social e economicamente responsável.
No Brasil, o CERFLOR (Programa Brasileiro de Certificação Florestal) foi instituído pelo Inmetro em 2002 e reconhecido pelo maior sistema de certificação florestal do mundo, o PEFC.
O programa brasileiro abrange não apenas o manejo florestal, mas também a cadeia de custódia, ou seja, todas as etapas de fabricação até o produto final.
Entre os principais selos florestais, destacam-se:
| Selo | Descrição |
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FSC (diversas versões: manejo, cadeia de custódia, madeira controlada e pequenos produtores) |
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CERFLOR - Certifiação Florestal |
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Rainforest Alliance Certified, selo internacional que abrange critérios ambientais, sociais e econômicos |
O avanço da rotulagem ambiental contribui para que consumidores façam escolhas conscientes e para que empresas aprimorem seus processos com base em critérios sustentáveis.
A existência de selos confiáveis é crucial, especialmente diante da crescente preocupação com o fenômeno do greenwashing, tema que será tratado nas próximas aulas.