Concordância Verbal
Concordância Verbal
A regra principal, observada sempre com o sujeito simples, é que o verbo deve concordar em número e em pessoa com o sujeito.
- Sujeito Composto: quando o sujeito for composto (mais de um núcleo) e estiver preposto ao verbo, o verbo deve estar no plural. Entretanto, se o sujeito estiver posposto ao verbo, o verbo pode estar no singular, pois pode concordar com o núcleo do sujeito que estiver mais próximo dele.
A mãe e o filho chegaram ao teatro.
Ao teatro, chegou a mãe e o filho.
- Núcleos sinônimos ou em gradação: podem atrair tanto o singular quanto o plural. Isso porque a semelhança dos sujeitos permite fazer entender que se trata de uma coisa só, podendo ser usado, por isto, o verbo no singular.
A angústia e a ansiedade não o ajudavam a se concentrar.
A angústia e a ansiedade não o ajudava a se concentrar.
- Sujeito formado de dois infinitivos com ideias semelhantes: se houver artigo auxiliando o sujeito, temos o verbo no plural. Se não, no singular.
Sonhar e acreditar faz dele uma pessoa melhor.
O sonhar e O acreditar fazem dele uma pessoa melhor.
- Sujeito composto que esteja sendo resumido por um pronome indefinido (tudo, nada, ninguém): verbo no singular.
Os pedidos, as súplicas, o desespero, nada o comoveu.
O Marcelo, o José, o Léu... ninguém lembrou da gravação.
- Núcleos do sujeito ligados por ou: nestes casos, pode-se ter ideia de exclusão de uma das alternativas propostas numa frase, e pode-se ter ideia de alternância entre as alternativas, sendo ambas válidas ao verbo. Nessa primeira situação teremos o verbo no singular. Se tivermos a alternância entre as idéias propostas, temos o verbo no plural. É mais fácil entender estas coisas com os exemplos:
Pedro ou Antônio ganhará o prêmio. (Exclusão. Somente um dos dois ganhará o prêmio)
A poluição sonora ou a poluição do ar são nocivas ao homem. (Alternância. Ambas são nocivas, não?)
- Sujeito composto formado por pessoas gramaticais diferentes:
- Eu (1ª pessoa) e ele (3ª pessoa) nos tornaremos (1ª pessoa plural) amigos. O verbo ficou na 1ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.
- Tu (2ª pessoa) e ele (3ª pessoa) vos tornareis (2ª pessoa do plural) amigos. O verbo ficou na 2ª pessoa porque esta tem prioridade sob a 3ª.
Trata-se de regra a qual acabamos acertando sempre intuitivamente. Talvez não pareça pelo segundo exemplo dado, pois não usamos a segunda pessoa do plural usualmente. No primeiro exemplo, porém, parece-nos claro que não se diz “eu e ele se tornarão”, certo?
- Núcleos do sujeito unidos por expressões como “não só...mas também”; “tanto...quanto”: em tais casos, usaremos o plural preferencialmente.
Tanto Erundina quanto Collor perderam as eleições municipais em São Paulo.
Não só eu mas também minha irmã fizemos nossas lições.
- Sujeitos compostos ligados por com: em tal caso teremos o plural. Entretanto, se houver virgula separando os indivíduos, teremos o verbo no singular.
José com Maria consertaram a cerca.
José, com Maria, consertou a cerca.
- Substantivos coletivos: tratam-se de substantivos que definem um grupo, como um bando, por exemplo. O grupo, apesar de conter um plural de seres ou coisas, vem no singular: um grupo, e o verbo também atrai o singular. O verbo concorda sempre com o núcleo do sujeito, neste caso (bando/bandos).
A multidão gritou pelo rádio.
A alcateia perseguiu os coelhos.
Quando há um adjunto adnominal (aquele termo especial que serve para restringir o sujeito) na frase, entretanto, podemos também usar o plural.
Um bando de aves PARTIRAM em revoada.
Aqui, o verbo concorda com o adjunto adnominal –de aves-, que está no plural.
Um bando de aves PARTIU em revoada.
Aqui, o verbo concorda com o núcleo do sujeito –um bando-, que está no singular. O mesmo ocorre com a maior parte/grande parte/maioria/etc, quando antepostos ao sujeito:
Grande parte dos torcedores compareceu à festa.
Grande parte dos torcedores compareceram à festa.
Entretanto, quando pospostos ao sujeito, obrigatoriamente será singular:
É de São Paulo que chega a maioria dos votos.
Fez, grande parte das alunas, uma enorme bagunça.
- Nomes que só usam plural: pêsames e férias, por exemplo. Estes, sem artigo, atraem o verbo no singular.
Pêsames não ajuda muito.
Férias restaura-me.
Os pêsames não ajudam muito.
As férias restauram-me.
- Pronome relativo QUE:
Fui eu que sorri pra você.
Fomos nós que sorrimos pra você.
- Pronome relativo QUEM:
Fui eu quem sorriu pra você
Fui eu quem sorri pra você
- Mais de um/mais de dois/mais de...etc.: o verbo sempre vai concordar com o numeral das expressões.
Mais de um estudante faltou à aula.
Mais de dois estudantes faltaram à aula.
Se temos a expressão “mais de um” repetindo-se na frase, o verbo fica no plural.
Mais de um estudante e mais de um professor faltaram à aula.
Se temos reciprocidade na ação, verbo no plural.
Mais de um rapaz agrediram-se.
Mais de dois prisioneiros ajudaram-se.
- Cerca de/perto de: o verbo ficará no plural se usarmos um numeral que também atrai o plural.
Cerca de sessenta mil ingressos foram vendidos para o jogo do Cruzeiro.
- Alguns de nós/poucos de nós: esse caso atrai o verbo no plural.
Alguns de nós consideramos a situação arriscada.
Alguns de nós consideraram a situação tranquila.
Poucos de nós saíram antes da hora.
Muitos de nós ficamos até o final.
Entretanto, quando o “algum” se encontra no singular, por exemplo, o verbo também vai para o singular.
Algum de nós sabe onde encontrar o livro com certeza.
Alguma daquelas pessoas faz dança de salão.
- Números fracionários: o verbo concorda com o numeral também.
Um terço da herança coube ao filho mais velho.
Dois quintos dos farmacêuticos errou a fórmula.
- Sujeito oracional: caso em que o sujeito é uma oração. Acontece, às vezes, de uma oração inteira estar no lugar do sujeito da sentença. Trata-se da oração subordinada substantiva subjetiva, que tem a função de sujeito da ação.
Ainda falta saírem cinco alunos.
Isso ainda falta: saírem cinco alunos ainda falta.
Pareceu-lhe que as visitas não foram tão boas.
Isso pareceu-lhe: que as visitas não foram tão boas pareceu-lhe.
- Sujeito indeterminado: é o sujeito que existe mas não é possível determinar quem é. Veja que os verbos são transitivos indiretos. É justamente por isto que não se têm sujeitos definidos nas orações do exemplo.
Observe que, nos casos do item acima bem como nos casos do item abaixo, o fato de o verbo ser transitivo direto permite que se encontre o sujeito da ação na própria frase.
Confia-se em pessoas honestas.
Sabe-se de todos os seus problemas.
- Voz passiva: aqui, temos um verbo transitivo direto + “se”. Portanto, um sujeito que vem depois. O verbo concorda com o sujeito (plural ou singular).
Vende-se uma casa (Uma casa vende-se)
Vendem-se casas (Casas vendem-se)
Encontraram-se as pessoas perdidas (As pessoas perdidas encontrara-se)
Faça-se luz! (Luz se faça!)
- Ser: às vezes, este verbo concorda não com sujeito mas com seu predicado. Nesses casos, concordará com os numerais contidos nos predicativos do sujeito.
São dez pra uma.
São dois km.
Quem foram os artilheiros do campeonato.
É que: pode estar tal expressão no plural, claro. O verbo ser, entretanto, torna-se invariável em algumas circunstâncias... nestes casos, ele não enfatiza o sujeito ou o objeto direto.
Eles é que sempre chegam atrasados
Para reforçar melhor as variações possíveis deste verbo ser, tão particular, alguns exemplos de sua colocação nas frases:
Hoje são 10 de Outubro de 1800.
Hoje é 10 de Outubro de 1800 (este caso só é valido se considerarmos que a palavra dia está implícita na oração, e o verbo ser concorda com ela!! Veja: Hoje é dia 10 de Outubro...).
Vinte metros é uma distância muito curta.
Oitenta reais é demais para este produto.
Meu maior amor são meus cachorros.
São minhas filhas queridas minha maior preocupação.