Publicado em: 25/06/2020 por Ederson Santos Pereira Rodrigues
Acompanhando o cenário político atual, surgiram muitos questionamentos sobre a possibilidade de cassação do mandato presidencial, da chapa composta por Bolsonaro e Mourão.
A principal acusação é de ilegalidade na propaganda eleitoral, através do disparo em massa de mensagens contendo fake news, sendo financiado por empresas.
Mas, antes de fazer qualquer juízo de valor, é preciso ter uma base técnica, entender esses termos complicados do direito e saber se realmente é possível cassar o mandato ou não.
Então vem comigo aprender um pouquinho sobre Direito Eleitoral para poder arrasar nos debates em família! (rs)
Cassação, Impugnação e Impeachment
A primeira coisa importante é saber diferenciar alguns conceitos que sempre se confundem quando falamos em Direito Eleitoral. Impugnação e Cassação são a mesma coisa? Cassar o mandato é igual a um impeachment, certo?
Bom, a impugnação é um questionamento sobre uma certa candidatura. Basicamente é a ação que se utiliza para dizer: tem algo errado com esse candidato, ele não seguiu as regras!
Exemplo: Você pode impugnar a candidatura do prefeito "X" da sua cidade, porque ele comprou votos.
Já a cassação é algo que vem como um resultado da impugnação bem sucedida. É a retirada daquele cargo que foi atribuído ao político eleito ilegalmente.
Então se o governador "Y" tem a sua candidatura impugnada por compra de votos e a Justiça Eleitoral comprova que realmente ele "trapaceou" para ser eleito, o seu mandato é cassado.
Por fim, o impeachment é a destituição (retirada) do governante diante de um crime de responsabilidade, um ato grave que só pode ser cometido pela pessoa que ocupa o cargo.
Veja, a principal diferença aqui é que o impeachment pune uma irregularidade durante o mandato, não se trata do período eleitoral. Além disso, o impeachment é decidido pelo Poder Legislativo (Câmara e Senado), não pelo Poder Judiciário (Tribunais).
Afinal, a chapa atual pode ser cassada ou não?
Sim, existe essa possibilidade.
A Justiça Eleitoral está usando as provas obtidas nas investigações do STF para analisar se houve ou não o financiamento de empresas para o disparo de mensagens em massa. Porque isso seria considerado ilegal?
Os candidatos que se propõe a qualquer cargo devem utilizar recursos (dinheiro) específicos, já previstos e autorizados por lei. O financiamento de empresas não é uma dessas fontes legais.
Além disso, vale dizer que não faz diferença a veracidade das mensagens (é fake news ou não?). A ilegalidade está na propaganda em si, no ato de financiar o disparo de mensagens, não no conteúdo delas!
Logo, o que os magistrados estão debatendo agora é: a chapa utilizou essa propaganda ilegal?
O que acontece após a cassação?
A cassação gera dois efeitos principais: a suspensão de direitos políticos (votar, ser votado, exercer cargo ou função pública) e a necessidade de substituição das pessoas que estavam nos cargos.
A suspensão de direitos políticos retira da pessoa que foi condenada a possibilidade de exercer função pública por um tempo determinado. Na Constituição, por exemplo, está prevista a suspensão de direitos políticos por 8 anos para quem é condenado por crime de responsabilidade.
No caso de cassação da chapa presidencial, a Justiça Eleitoral deve determinar um prazo de até 90 dias para realizar uma nova eleição. Até a nova chapa ser eleita, é o Presidente da Câmara dos Deputados que assume a função de Presidente da República.
Onde posso encontrar isso na Lei?
As principais normas que regulam o Direito Eleitoral são:
- Constituição Federal, ao tratar de direitos políticos, partidos políticos, poderes executivo e legislativo, entre outros tópicos;
- Código Eleitoral;
- Lei das Eleições;
- Lei das Inelegibilidades.
Com esse material de base e uma pequena consulta nas leis já dá para entender mais sobre Direito Eleitoral e arrasar nos debates!
Ficou alguma dúvida? Deixa aí seu comentário que ficamos muito felizes em te responder!
Um grande abraço e até mais!