Concordância Nominal
Definição da concordância nominal
Concordância nominal é aquela que se dá entre os nomes de uma oração. O verbo não entra nesta questão.
Regras
1. Regra do adjunto adnominal: o adjunto adnominal é o termo que, grudadinho no nome, modifica-o. Normalmente, ele restringe o sujeito: os jogadores de futebol fizeram a festa - “de futebol” é o adjunto adnominal. Veja que ele restringe, especifica “os jogadores”.
a) Quando o adjetivo for posposto aos substantivos (ou seja, vier depois do termo que ele restringe), ele concorda com o mais próximo deles ou com todos ao mesmo tempo, prevalecendo, neste segundo caso, o plural masculino.
- Utilizavam o dinheiro e a tecnologia brasileira.
- Utilizavam o dinheiro e a tecnologia brasileiros.
- Compramos o açaí e a água gelados.
- Compramos o açaí e a água gelada.
b) Quando o adjetivo, atuando como adjunto adnominal, for anteposto aos substantivos, ele concorda com o que estiver mais próximo.
- Na cidade, tinham velhas igrejas e prédios – “velha” restringe e especifica “igrejas e prédios”. A palavra Igreja, estando no plural do feminino e mais próxima do adjunto, faz com que este fique também no plural do feminino.
- Encontramos perdida meia e sapatos – meia é singular e feminino. Perdida, portanto, deve também sê-lo.
2. Regra do Predicativo: quando o adjetivo tiver função de predicativo (indica característica de estado do substantivo) e referir-se a vários substantivos:
a) Sendo posposto a eles, o adjetivo deve concordar com todos, prevalecendo o plural masculino, a não ser, é claro, que tenham palavras somente femininas na frase.
- Homem e mulher estavam surpresos (surpresos é o estado deles)
- Encontramos o Beto, a Mari e a Sônia arrumados (sempre no plural masculino)
- Ângela, Maria e Joana corriam apressadas
b) O predicativo anteposto aos substantivos, por sua vez, concorda com o mais próximo ou com todos ao mesmo tempo.
- Estava surpresa a mulher e o homem
- Estavam surpresos a mulher e o homem
3. Possível, ainda, usarmos dois adjetivos para um substantivo apenas, certo?
a) Se o substantivo caracterizado estiver no plural, não haverá a presença do artigo:
- Estudei os idiomas francês, inglês e espanhol
- Estudei o idioma francês, O inglês, e O espanhol
Vejamos exemplos de frases com é bom/é necessário/é proibido:
Cumpre esclarecer que, se não houver qualquer artigo antecedendo o substantivo, o adjetivo não varia sua concordância de acordo com o gênero.
Apesar, por exemplo, de ingestão e entrada serem palavras femininas, nas frases a seguir não há variação de gênero de bom/proibido pois não possuímos o artigo para definir o sujeito.
Observe: o sujeito, ficando genérico, pode ser substituído, na frase, pela palavra “isso”:
- é bom ingestão de medicamentos – é bom isso
- é proibido entrada de bebidas destiladas – é proibido isso
- ajuda de todos é necessário – isso é necessário
- frutas é gostoso – isso é gostoso
Contrariando esses exemplos, apenas podemos ter a variação do adjetivo quando temos o artigo:
- é boa a ingestão de medicamentos
- é proibida a entrada de bebidas destiladas
- a ajuda de todos é necessária
- as frutas são gostosas
► As palavras mesmo(a) / próprio(a) / obrigado(a) / agradecido(a) / grato(a) / quite / anexo(a) / incluso(a) concordam com o substantivo a que se referem.
- Muito obrigadas, disseram as senhoras, nós mesmas faremos isso
- Seguem anexas as documentações requeridas
- Já estão inclusas todas as cláusulas do contrato
► As palavras meio / bastante / caro / barato / muito pouco, caso sejam adjetivos, concordam com o substantivo a que se referem.
- Pedi meia cerveja e meia porção de polentas
- Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho
- Hoje as frutas estão baratas
⇒ entretanto, caso tais palavras tenham função de advérbio, elas nunca variam! Os advérbios, afinal, realmente não têm variação de gênero e número, veja:
A menina corre rapidamente; os garotos, loucamente, gritam. Então:
- A noiva está meio nervosa
- Os moços são meio chatos
Pronomes de tratamento
Os pronomes de tratamento (Vossa Excelência, Vossa Majestade, Vossa Onipotência) sempre pedem verbo na terceira pessoa (Ele, ela, eles, elas – sabe, sabem, pensa, pensam, está, estão...). Cumpre esclarecer que variam de acordo com o gênero:
- Vossa Majestade está preocupado? (Homem)
- Vossa Majestade está preocupada? (Mulher)
► A palavra só:
Quando for sinônimo de “sozinho”, terá variação de acordo com o número:
- ela saiu só
- eles saíram sós
Quando tiver valor de advérbio, torna-se invariável. Terá sentido similar ao da palavra “apenas”:
- só restaram cinzas
- só espero ter seu talento
Concordância ideológica (nada mais é que a SILEPSE!)
Apesar de soar estranho, em tais exemplos temos uma aparente discordância relativa ao gênero, à pessoa ou ao número. É que, nesses casos, escolheu-se concordar o verbo com um nome que não se encontra explícito na sentença. Não está escrito mas está subentendido nelas.
- Nos anos 80, os brasileiros tínhamos receio de investir no mercado. (pessoa) – Nós, os brasileiros, tínhamos
- Já vem chegando o sol e São Paulo, tímida, desperta. (gênero) – A cidade de São Paulo, tímida
- Ninguém que comprar. Se ainda estamos aberto é por honra da firma. (número).