Classes Gramaticais

Classes Gramaticais e Tempos Verbais

Classes Gramaticais

A parte da gramática que estuda as classes de palavras é a morfologia. Assim, segundo um estudo morfológico da língua portuguesa, as palavras podem ser analisadas e catalogadas em dez classes de palavras (ou classes gramaticais) distintas, sendo elas: substantivo, artigo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

Substantivo

Substantivos são palavras que nomeiam seres, lugares, qualidades, sentimentos, noções, entre outros. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (diminutivo, normal, aumentativo).

Os substantivos exercerão papel de núcleo das funções sintáticas em que estão inseridos (sujeito, objeto direto, objeto indireto e agente da passiva), sendo certo que, na língua portuguesa, tudo gira em função deles, vez que estão presentes para relacionarem-se com as funções que vêm antes ou depois.

Além disso, os substantivos podem ser divididos e classificados de acordo com as diversas especificidades e referências da língua portuguesa. O quadro a seguir contém os mais importantes e recorrentes:

  1. Simples: formados por um só radical (flor, tempo, chuva).
  2. Compostos: formados por mais de um radical (couve-flor, passatempo, guarda-chuva).
  3. Concretos: coisas palpáveis, reais — ou tidas como reais — (homem, menino, lobisomem, guarda-sol).
  4. Abstratos: estados e qualidades, sentimentos e ações, coisas que não são palpáveis (vida, beleza, felicidade, esforço, ansiedade).
  5. Primitivos: originários, não derivam de outra palavra (pedra, ferro, porta).
  6. Derivados: derivam de outra palavra (pedreiro, ferreiro, portaria, pobreza, imortal).
  7. Comuns: quando se referem a seres sem especificá-los (país, cidade, pessoa, coisa).
  8. Próprios: quando se referem a seres e entidades determinadas (Brasil, Santos, João, Deus).
  9. Coletivos: conjunto de seres da mesma espécie (álbum, cardume, colmeia, rebanho).

Artigos

Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando se estes serão definidos ou indefinidos. Os artigos serão flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), indicando, por consequência, o gênero e o número dos substantivos que acompanham.

Os artigos serão classificados em definidos (o, a, os, as) ou indefinidos (um, uma, uns, umas). Ao utilizarmos um dos primeiros antes de um substantivo, verifica-se a presença de especificidade: é certo que “a menina”, por exemplo, quer designar uma menina específica e que “o país” refere-se a um país em particular. Em se empregando um dos segundos artigos, por outro lado, verifica-se a ausência de especificidade, vez que “uma menina” poderia se tratar de qualquer menina e “um país” não se refere a um país específico.

Adjetivos

Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindo-lhe uma qualidade, característica, aspecto ou estado. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (normal, comparativo, superlativo).

Os adjetivos também possuem classificações: adjetivos simples, compostos, primitivos e derivados, nos mesmos parâmetros em que se classificam os substantivos. Contudo, possuem três classificações não presentes na outra classe, quais sejam:

  1. Adjetivos biformes: podem apresentar duas formas de gênero — ex.: bonito(a), alto(a), ligeiro(a), rápido(a), iluminado(a), estudioso(a).
  2. Adjetivos uniformes: têm forma única independentemente de gênero — ex.: competente, veloz, inteligente, capaz, altruísta.
  3. Adjetivos pátrios: indicam a qualidade da pessoa conforme o local onde nasceu — ex.: brasileiro, paulista.

Pronomes

Pronomes são palavras que substituem o substantivo em determinado ponto de frase (estes são os pronomes substantivos) ou que acompanham, determinam e modificam o substantivo, atribuindo-lhe particularidades e características (os pronomes adjetivos). Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso).

Os pronomes podem ser de várias espécies: pessoais (retos, oblíquos e de tratamento); possessivos; demonstrativos; relativos; indefinidos; interrogativos.

  1. Pronomes pessoais retos: os pronomes pessoais retos comumente se referem ao sujeito, e são: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Os três primeiros estão na 1ª, 2ª e 3ª pessoa do singular e os três últimos na 1ª, 2ª e 3ª pessoa do plural, respectivamente.

  2. Pronomes pessoais oblíquos: os pronomes pessoais oblíquos referem-se ao objeto direto ou ao indireto, sendo ainda classificados em átonos ou tônicos:

    • Oblíquos átonos: me, te, o, a, lhe, se, nos, vos, os, as, lhes.
    • Oblíquos tônicos: mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas.
  3. Pronomes pessoais de tratamento: são formas mais reverentes de dirigir-se à pessoa ou de referir-se a ela (ex.: senhor, senhora, senhorita, Vossa Senhoria, Vossa Santidade, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você, entre outros).

  4. Pronomes possessivos: transmitem uma relação de posse, ou seja, indicam que alguma coisa pertence a uma das pessoas do discurso (ex.: meu, minha, sua, teu, tua, nosso, vosso, seus).

  5. Pronomes demonstrativos: situam alguém ou alguma coisa no tempo, no espaço e no próprio discurso quando em relação às pessoas mencionadas nele: quem fala, com quem se fala, de quem se fala (ex.: este, essa, aquilo, isto, isso, tal).

  6. Pronomes interrogativos: referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical e são comumente utilizados para interrogações, diretas ou indiretas (ex.: que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quantos).

  7. Pronomes relativos: relacionam-se com o termo da oração que se antecede, servindo de elo de subordinação das orações que iniciam (ex.: que, quem, onde, o qual, os quais, cujo, cuja, cujos).

  8. Pronomes indefinidos: referem-se sempre à 3ª pessoa gramatical, indicando que algo ou alguém é considerado de forma indeterminada ou imprecisa (ex.: algum, alguma, nenhum, todos, muitas, nada, algo).

Numerais

Numeral é a palavra que indica a posição, quantidade ou o número de elementos, sejam de pessoas ou de coisas quaisquer. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), outros são invariáveis. Dentre eles, há as seguintes classificações:

  • Numerais cardinais: um, sete, vinte e oito, mil etc.
  • Numerais ordinais: primeiro, segundo, milésimo, vigésimo etc.
  • Numerais multiplicativos: duplo, triplo, quádruplo, sêxtuplo etc.
  • Numerais fracionários: um meio, um terço, três décimos etc.
  • Numerais coletivos: dúzia, centro, dezena, quinzena etc.

Verbos

Verbos são palavras que indicam, genericamente, ações. Os verbos podem ser flexionados em número (singular e plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa do discurso), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro), aspecto (incoativo, contínuo e conclusivo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).

Além de uma ação (como correr), verbos podem indicar também uma ocorrência (nascer), um estado (ficar), um desejo (querer) ou um fenômeno (chover). Assim, o que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os seus possíveis significados. Observe que palavras como corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam, porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos possuem. Ora, são elas substantivos derivados dos verbos correr, chover e nascer, respectivamente.

Advérbios

Advérbios são palavras que modificam verbos, adjetivos ou até outros advérbios por meio da atribuição de uma circunstância específica a eles (um tempo, um lugar, um modo, uma intensidade, etc.). São, em sua maioria, invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número.

Contudo, apesar de não possuírem flexões em gênero e número, alguns advérbios podem ser flexionados em grau, apresentando-se com sentido diminuído ou aumentado. Nesse passo, são dois os graus do advérbio: comparativo e superlativo.

Comparativo:

  • De igualdade: tão + advérbio + quanto. Ex.: Renato fala tão alto quanto João.
  • De inferioridade: menos + advérbio + que (do que). Ex.: Renato fala menos alto do que João.
  • De superioridade: mais + advérbio + que (do que). Ex.: Renato fala mais alto do que João.

Superlativo:

  • Pode ser analítico, quando acompanhado de outro advérbio (ex.: Renato fala muito alto — muito + alto),
  • ou sintético, quando formado com sufixos (ex.: Renato fala altíssimo).

Uma dica a respeito dos advérbios: vários deles terminam em “-ente”: grandemente, demoradamente, pacientemente, frequentemente, problematicamente, lindamente, velozmente, sabiamente, reiteradamente, altruistamente, graciosamente. Todas atribuem qualidades ou especificações a algo. Cuidado ao concluir de maneira equivocada que outras palavras terminadas assim sejam advérbios: há que se analisá-las antes de partir para conclusões.

Preposições

Preposições são simples e fáceis de se identificar na oração. São palavras que estabelecem conexões com vários sentidos entre dois termos da oração. Através de preposições, o segundo termo (termo consequente) explica o sentido do primeiro termo (termo antecedente). Em outras palavras, a preposição serve para vincular dois termos numa oração. Todas as preposições são invariáveis, não passíveis de flexão em gênero e número.

Importante ressaltar: isoladas da frase, as preposições não possuem qualquer função sintática. Elas não fazem sentido sozinhas.

Ex.: após, para, com, de, por, contra, desde, perante, durante, exceto, etc.

Há, ainda, locuções prepositivas (conjunções prepositivas com mais de uma palavra): ex.: ao lado de, antes de, além de, etc.

Vejamos alguns exemplos em sentenças:

O chefe da nação lutou contra mim durante meu tour pelos bares da vida. Sua irmã confiava a mim seus segredos, além de querer-me bem. Seu veleiro fora avaliado em um milhão. Nele, nós viajamos com o restante da família e comemos bife a cavalo. Falamos sobre estatística e a respeito de aves.

Salvo engano, sob meu ponto de vista, tratava-se de uma família um tanto peculiar.

Conjunções

Conjunções são palavras utilizadas como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos de uma mesma oração, estabelecendo relações de coordenação ou de subordinação. São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número.

Ex.: e, nem, mas, todavia, portanto, destarte, porque, que, como, contanto que, conforme, assim que, quanto mais, etc.

A conjunção estabelece uma relação de coordenação (conjunção coordenativa) quando liga orações independentes entre si. Nesses casos, ao se lerem as orações que ela vincula separadamente, encontrar-se-á sentido completo. Por outro lado, a relação será de subordinação (conjunção subordinativa) quando o sentido da segunda oração for diretamente relacionado ao conteúdo da primeira. Nesses casos, ao se lerem as orações vinculadas separadamente, elas perderão o sentido.

Diferenciam-se as conjunções das preposições porque, além de vincularem termos estabelecendo relação semântica entre eles, as conjunções dão alguma indicação argumentativa ao texto. Revelam alguma intenção, por assim dizer. Vejamos alguns exemplos em sentenças:

Eu a amo mas não posso com ela estar. Disse-lhe que era tarde... também já usei todas as rosas de que dispunha e nada mudou. Como um tonto, tentei de tudo. Fui teimoso porque pensei que meu jardim resplandeceria. Quanto mais acreditava, mais orquídeas apareciam em minha vida. E eu as regava diariamente, então foi mais difícil cortar as raízes.

Caso houvesse oportunidade e sentimento, faria tudo de novo.

Interjeições

Interjeições são palavras que exprimem emoções, sensações, estados de espírito, etc. São invariáveis e seu significado fica dependente da forma como elas são pronunciadas pelos interlocutores. Estão comumente atreladas a situações enfáticas.

As interjeições possuem diversas classificações de acordo com a forma como o interlocutor as utiliza, podendo ser de cumprimentos (Olá!, Ei!), de afastamento (Xô!, Rua!), de desaprovação (Basta!, Francamente!), de alívio (Ufa!, Uf!), de silêncio (Psiu!, Silêncio!), entre muitas outras.